Calçada Viva pode estimular percursos a pé e aliviar o trânsito de São Paulo

Calçada Viva pode estimular percursos a pé e aliviar o trânsito de São Paulo
Conceito prevê soluções como árvores frutíferas e pisos drenantes para espaços públicos da cidade

Desenvolvido em 2006 para a Casa Cor São Paulo, pelo arquiteto paisagista Benedito Abbud, o conceito de Calçada Viva consiste em propor uma nova ideia de revitalização de áreas, principalmente aquelas que ladeiam grandes extensões de muros e, assim, incentivar a população ao convívio em ambientes ao ar livre, oferecendo mais conforto ao cidadão, objetivando que ele troque o carro pelo passeio a pé.

“A projeção de calçadas vivas ou ecológicas incentivariam as pessoas a caminhar mais. Afinal, a maioria das nossas calçadas são ruins, com desníveis, buracos, pisos irregulares, degraus, entre outros obstáculos. O que acaba causando muitos acidentes. Se é difícil uma pessoa sem limitações físicas andar a pé, imagina os cadeirantes, cegos e até mesmo os idosos e as mães com carrinhos de bebê. As calçadas deveriam ser acessíveis para o uso comum de todos”, afirma Benedito Abbud.

Segundo o arquiteto, as calçadas devem ser mais largas, com faixas de serviços para arborização, telefones públicos e lixeiras, além de serem  acessíveis, com rampas para cadeirantes, piso portátil de orientação e alerta. Mas é na questão ambiental que a Calçada Viva exibe inovação: ações como o plantio de árvores, arbustos, forração vertical (hera e unha de gato nos muros, por exemplo) e grama de forma organizada nas áreas de calçada, assim como de espécies frutíferas para atração de pássaros.

Outro ponto importante é a utilização das chamadas calçadas inteligentes, que funcionam como uma galeria no subsolo, permitindo que as fiações da rede elétrica, telefônica, de TV, fibras óticas, rede de água e esgoto sejam embutidas. Assim, na manutenção dos serviços, não haverá a necessidade de quebrar o piso e ainda diminui a poluição visual da cidade.

No plano de criação da Calçada Viva, existe o piso drenante, desenvolvido em parceria com a Braston com Benedito Abbud. “Caso as calçadas fossem construídas com matérias permeáveis ou recicláveis, facilitaria a drenagem de água pelo solo, evitando problemas como as enchentes, por exemplo, devido à dificuldade de escoamento. Além da percolação de água, materiais de coloração mais clara (à base de cimento), diminuem a absorção de calor, contribuindo para a redução do efeito das chamadas ilhas de calor”, afirma Abbud.

“O certo seria que todas essas calçadas fossem ecológicas e se engana quem pensa que esse tipo de calçada é mais cara, pois o custo da calçada ecológica é praticamente o mesmo da convencional”. Segundo o arquiteto, se as calçadas de São Paulo recebessem pisos drenantes, drenariam cerca de 120 piscinões da Praça Charles Miller, localizada no Pacaembu. Essa água iria direto para o subsolo, hidratando a vegetação urbana e ajudando a diminuir os alagamentos.